quinta-feira, 19 de setembro de 2013

“Estamos precisando de ajuda, venha de onde vier”, diz o agricultor sertanejo Chico Binga



 
“O sertanejo, é antes de tudo, um forte!”.Recorremos a um trecho da grandiosa obra Os Sertões de Euclides da Cunha para poder dar início a uma série de matérias sobre a realidade do homem do campo, em tempos de tão abominável escassez de chuvas que assola o sertão nordestino. A região de Patos - PB, localizada em plena Caatinga, enfrenta um dos piores momentos de sua história sob o olhar triste do agricultor e a falta de políticas públicas do poder executivo.
Manter-se na zona rural se transformou em uma batalha diária para as famílias do campo em uma guerra que está sendo vencida devido à irresponsabilidade de governos que poderiam fazer algo, mas não fazem quase nada. Açudes assoreados, barragens sem reparos, casas destruídas, ração para animais que os pequenos não podem comprar e os ricos, muitos deles, comercializam com outros objetivos além de salvar a criação que sofre. O êxodo rural volta a fazer parte da história do homem do campo.
A pouca água vem de cacimbões, de poços amazonas, artesianos ou de lugares onde o “liquido precioso” tem gosto insalubre. Os carros pipa cruzam estradas empoeiradas para abastecer cisternas de placas que um dia receberam água de chuva. “Espero que a chuva demore um pouquinho mais a aparecer”, diz um “pipeiro” que comemora os tempos bons em que recebe dinheiro a cada chamada para levar água a um sertanejo sofrido. Não sabe ele, o pipeiro, que ele recebe migalhas e alguns grandes recebem milhões.

Seu Chico Binga:

A reportagem atendeu ao chamado do agricultor Chico Binga, 74 anos. Ele mora a cerca de 30 quilômetros de Patos. Chico Binga é um legítimo homem do campo e reside com sua família na zona rural do Município de São José de Espinharas – PB. Aos cinco anos de idade, Chico viu seu pai ajudar na construção da Barragem da Fazenda Flores que nunca passou por uma reforma e que agora está precisando com urgência de uma. Na época da construção da barragem não existiam tratores, nem as modernas máquinas que de uma só vez faz maravilhas ou causam destruição.
A barragem da Fazenda Flores foi construída em 1944 atendendo ao fazendeiro Bossuet Wanderley, pessoa influente na região. A barragem, que está completamente seca, tem capacidade de armazenar mais de 4 Milhões de Metros Cúbicos de água apoiada em uma alvenaria do sangradouro de 147 metros. Toda a obra foi construída usando o símbolo imortal do sertão: O Jumento. “Era muita gente trabalhando aqui. O jumento carregava as pedras e todo o material. Na época não tinha cimento, era cal e pedra”, diz Chico.
Com o olhar calmo, voz firme, um jeito de andar arrastado, o comunicativo Chico Binga relata a sua dor: “Eu vi essa barragem com água que se perdia de vista. Dá mais de seis quilômetros quando ela tá cheia. Tempo bom! Mais de 50 famílias se beneficiam quando ela tá cheia. Outras tantas, mais de 30, vêm receber a fartura dela. Hoje tá desse jeito, seca. Para piorar tem uma ‘bomba’ que se não cuidar pode destruir a barragem quando ela encher. Chamei você para dizer para todo mundo que precisamos de ajuda para resolver isso. Esse é o momento de resolver, pois agora tá seca”, dizChico.
A “bomba”, que se refere Chico Binga, foi causada por uma infiltração de água (foto) que destruiu parte da alvenaria da parede do sangradouro que tem seis metros de altura. A imperfeição está localizada precisamente ao lado da parede e que em tempos de barragem cheia vaza água em grande quantidade. O medo do agricultor é que a barragem estoure causando danos irreversíveis para centenas de agricultores da região.
A reportagem fez contato com Fabiana Donato, representante da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba – AESA, em Patos. Fabiana relatou que no caso específico dessa barragem, a responsabilidade passa a ser do Município de São José de Espinharas, portanto, da Prefeitura e de sua gestão.  
Tentamos contato com o prefeito de São José de Espinharas, Renê Trigueiro Caroca - PSDB, para relatar o caso, mas não conseguimos localizá-lo.

Jozivan Antero – Patosonline.com

Próxima matéria: Assentamento Patativa do Assaré - Patos

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