terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O SONHO DE ANTONIO TOTA



 
Durante mais de trinta anos, o prefeito Antônio Tota sonhou com a ligação asfáltica entre sua cidade e a de São José do Bonfim. Por mais de trinta anos, trocou os seus votos, os votos dos seus amigos, com candidatos a governador que se comprometiam realizar seu sonho. Mãe D’Água, praticamente de porteira fechada, votava nesses nomes que, depois de eleitos, esqueciam-se do compromisso, trocando a palavra empenhada com um  homem sério e cumpridor de compromissos - ao contrario deles -, pela velha desculpa de que não havia dinheiro disponível para a construção de uma estrada que não apesentava viabilidade econômica, situada num pontinho bem distante do mapa, sem importância política que justificasse o investimento. Acordos desse tipo foram feitos com Burity I e II, com Mariz, com Maranhão I,II,III e mais outro, Com Càssio I e II e, até mesmo o seu velho amigo Wilson Braga, que se escondia em sua Fazenda na Serre da Mãe D’Água, sempre que necessitava fugir do trabalho durante dias, o fez sonhar com a sua estrada. Toinho, que fez tudo pela sua terra e pela sua gente, que fez da escondida Mãe D’Água um exemplo de moralidade administrativa, que administrou com competência, honestidade e ética, morreu sem ver concretizado o seu grande desejo, a sua grande aspiração. Entendia ele que a sua pequenina cidade, onde todos os setores funcionavam com eficiência, onde saúde, educação, limpeza pública e a sua própria gente ordeira, precisava ser mostrada ao mundo, o que somente se viabilizaria com o asfalto preto que cortasse o ventre da serra ainda virgem de tal progresso. Tinha ele certeza de que, somente o asfalto poderia levar até o recôndito da Serra do Teixeira, turistas que pudessem com a sua presença, admirar e consequentemente divulgar as suas belezas naturais; e nós, que com ele convivíamos, também sonhávamos o seu sonho para que por ele fluísse Paraíba afora, com maior desenvoltura, o exemplo que ele plantara de que administração pública não é propriedade privada e que é o povo, verdadeiramente, o dono do erário.

No último dia seis, de onde quer que esteja Toinho Tota assistiu o triunfar de sua maior aspiração: a sua tão sonhada, tão deseja estrada asfaltada estava sendo entregue, não pelos enganadores que trocaram os votos dos seus amigos por promessas não cumpridas de políticos comuns e sem palavra. Quem estava entregando sua estrada a Margarida e seu povo, era um governador em quem ele nunca votou, de quem nunca ouviu promessas, quem, talvez, nem chegou mesmo a conhecer pessoalmente. Recebia Mãe D’Água a sua estrada asfaltada, fruto do trabalho de um homem que não se chama Mariz, Maranhão, Burity, Wilson ou Cássio, que não costuma rir facilmente,  nem dar tapinhas nas costas; que não promete, nem mesmo quando precisa de votos:  chama-se Ricardo, governador que, em memória de Toinho Tota, Mãe D’Água jamais poderá esquecer.
José Augusto Longo
O SUSSURRO DAS RUAS
 Não é um grito ainda, é um sussurro. Está nos becos, no breu das tocas, nas conversas de rua e principalmente no imaginário popular. O cidadão entra num táxi e a pergunta vem à queima-roupa: - Será que ela fica, doutor? Ela é Dilma, sufocada pelas pressões de um governo desastrado, com a popularidade despencando, sem apoio do seu próprio partido, o PT, e alvo primário das oposições que resolveram botar a boca no trombone. Diante disso, a pergunta não cala. Dilma terá condições de governabilidade para chegar ao fim do mandato ou sucumbirá diante de pressões tão fortes que inviabilizam sua administração eivada de escândalos milionários?
Dilma é o calo de Dilma. Ela parece não aprender com as duras lições que a história vem lhe dando e ainda parece imbuída do dom da infalibilidade e do acerto. Demorou décadas para se livrar de Graça Foster, quando todos indicavam esse caminho. Escolheu como substituto um profissional de sua inteira confiança, mesmo que não fosse da confiança do mercado e não lidasse com petróleo. Passa ao largo do rumoroso escândalo que envolve a estatal e nos aconselha a ter orgulho de uma empresa destruída pelo jogo do poder em que se empenha o PT como filosofia de partido. Em suma, Dilma não mora no Brasil nem ouve a voz do seu povo.
Se ela não ouve a voz, imagine os sussurros que começam a tomar forma e ganhar corpo. É bom lembrar-se da trajetória de Collor, começou assim com boatos, insinuações, entre falado como um segredo sujo. Depois tomou o país na viagem dos caras pintadas e na súbita virada que tirou de Collor todo o brilho que ele tinha na campanha e exibiu sua imagem real. Dilma sai de uma eleição muito machucada e se torna outra Dilma, que nega tudo que disse nos discursos. Essa Dilma real, do governo, não agrada o povo como mostram as pesquisas, não agrada os políticos e principalmente não agrada o PT. Só e isolada é um alvo fácil para que os sussurros se transformem em gritos.
PÁ DE TERRA
 Como não bastassem todos os problemas de Dilma, José Dirceu pegou pesado com o partido e cria mais uma crise. Dirceu afirmou que o escândalo da Petrobras era a pá de terra que faltava para acabar o Partido dos Trabalhadores.
 Dirceu, um dos fundadores da legenda e mentor confesso do mensalão, sabe do que está falando. Os constantes escândalos financeiros envolvendo o partido dele e de Dilma tem abalado sua credibilidade e retirado o encanto que nos primeiros tempos lhe valeu boas votações.
 Hoje o PT é um partido dividido, com a imagem suja pelo envolvimento de seus dirigentes em operações escusas e que se enlameia ainda mais à medida que avança a operação Lava Jato.
 Dirceu, como bom analista, foi na ferida.
Do jornalista Marcos Tavares, em sua coluna “PÃO E CIRCO”, no Jornal da Paraíba, edição de 10.02.015.
José Augusto Longo

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