Com Cássio provavelmente elegível, cenário político de 2014 reserva ‘fortes emoções’
Tucano resiste às pressões para disputar o governo, mas sua elegibilidade reserva ‘fortes emoções’ para 2014
Todos os analistas políticos da Paraíba são unânimes na constatação de que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB) vive o seu melhor momento na vida pública paraibana, desde que nela ingressou em 1986.
Maduro, conciliador, paciente e determinado a inserir a Paraíba num outro patamar em nível nacional, ainda vive a indefinição sobre o seu futuro político em 2014.
A propósito da sua quitação eleitoral, a maioria dos eleitoralistas do país já asseguram que o senador é absolutamente elegível, pois em várias decisões semelhantes o Tribunal Superior Eleitoral já abriu jurisprudência tornando aptos todos aqueles que foram condenados antes da criação da Lei Complementar 135 de 2010, a Lei Ficha Limpa, que ampliou de três para oito anos a perda dos direitos de todos os réus condenados em ações eleitorais. Quando cassado, Cássio perdeu seus direitos políticos por três anos a partir da data da 1ª cassação em 31 de julho de 2007 no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba no caso FAC. Cássio teve a condenação ratificada pelo TSE em 20 de novembro de 2008 e o afastamento definitivo com a rejeição dos últimos embargos em 17 de fevereiro de 2009.
Traduzindo para o leitor: no caso de Cássio, ele já cumpriu os três anos de sua cassação, decretada em 31 de julho de 2007. A lei que vigorava antes da Ficha Limpa reconheceu que Cássio já havia cumprido a sua penalidade, e, por isso, pode concorrer ao Senado em 2010. Como sabe qualquer jurista, "a lei não pode retroagir para prejudicar o réu". Ou seja, Cássio dificilmente teria alguma barreira jurídica caso concorresse ao Palácio da Redenção em 2014.
Assim sendo, o senador e presidenciável Aécio Neves, que é amigo pessoal do paraibano, já declarou a imprensa da Paraíba o seu desejo pessoal pela candidatura de Cunha Lima ao Governo da Paraíba em 2014, liderando um forte palanque tucano no estado.
Cássio, porém, tem reafirmado a sua predisposição de manter a aliança com o governador Ricardo Coutinho (PSB) desde que o PSDB tenha a sua vaga assegurada na chapa majoritária.
Com Cássio elegível, certamente o poder de negociação dos tucanos aumentará muito no momento da formação da formação das alianças e um fato terá que ser encarado: muitos querem Cássio de volta. Entre estes, estão prefeitos, deputados, vereadores, líderes de movimentos sociais e populares, além de decisivas bases eleitorais. Some-se isso a força de Campina Grande e todo o compartimento da Borborema, que nunca deixaram um Cunha Lima perder uma eleição em toda a história política da Paraíba.
Familiares do senador, no entanto, ainda estão divididos sobre o seu futuro. Uns creem que a hora é essa e o cavalo está selado para Cássio voltar ao Governo em 2014. Enquanto outros preferem que Cássio renove a aliança com o PSB e aguarde para a disputa de 2018.
Veja a seguir o que alguns políticos da Paraíba pensam sobre o assunto:
Ricardo Coutinho:
Obviamente é contra. Eleito com o apoio do tucano em 2010, o atual governador tem evitado se manifestar a respeito desse assunto por acreditar que a aliança com o PSDB será repetida em 2014. Também conta com a força do vice-governador Rômulo Gouveia, que pretende ser candidato ao Senado, dentre outros auxiliares “cassistas” no Governo que desestimulam a tese de rompimento.
Rômulo Gouveia:
Postulante ao Senado, o vice-governador também desestimula a postulação de Cássio ao governo, na medida em que o senador Cícero Lucena, seu maior concorrente, poderia ser beneficiado com essa tese. Atualmente, Rômulo tem uma relação de confiança mútua com o governador Ricardo Coutinho e ficaria numa situação extremamente difícil, caso seja emparedado e tenha de optar de forma excludente entre Cássio ou Ricardo. Muito embora, caso o rompimento aconteça, Rômulo tem um partido nas mãos e o poder de decidir como melhor lhe aprouver.
Veneziano Vital:
Sabe que a candidatura de Cássio mataria a sua na “boca da grota”, liquidando a sua principal base eleitoral, leia-se Campina Grande e o compartimento da Borborema. Também enxerga mais um agravante: a postulação cassista tomaria de assalto o ex-prefeito Luciano Agra, considerado “vice dos sonhos”. Por estas razões, o “cabeludo” é radicalmente contra a postulação de Cunha Lima e foge desse cenário como o diabo foge da cruz. Esse, talvez, seja seu único ponto de convergência com governador Ricardo Coutinho, ambos torcem e operam politicamente para Cássio não ser candidato.
Ricardo Marcelo:
Já defende veementemente nos bastidores a candidatura de Cássio Cunha Lima ao Governo, pois mantém uma relação mais próxima com o tucano do que com o ex-prefeito Veneziano Vital do Rêgo, de quem provavelmente o PEN indicará a vaga de vice na hipótese de Cássio não ser candidato. Sabe que a reeleição de Ricardo Coutinho praticamente anularia as suas chances de retornar à presidência do Legislativo em 2015. Embora não exponha publicamente, a preço de hoje, o candidato de Ricardo Marcelo a governador é Cássio Cunha Lima.
Ruy Carneiro:
É o maior artífice do pré-lançamento da candidatura de Cássio em 2014. Sonhando com a volta do seu partido ao Palácio da Redenção e desfrutando da intimidade de Cássio, Ruy tem espalhado por todos os quadrantes do estado que as pesquisas do PSDB apontam uma vitória tranquila do tucano ao Governo, caso venha a ser candidato. Tem motivos para fazê-lo: se Cássio não for candidato, Ruy, de quebra, pode emplacar o seu nome ao Senado na chapa de Ricardo Coutinho. Através da expectativa de poder cassista, poderá ser contemplado de uma forma ou de outra.
Luciano Agra:
Há muito tempo já “namora” politicamente com Cássio pensando ser seu vice em 2014. Também é um incentivador da candidatura do tucano, planejando formar a chapa tida como “imbatível” nos bastidores: Cássio e Agra. Além da simpatia do presidente da Assembléia, Ricardo Marcelo, essa chapa é extremamente incentivada pela ex-secretária de saúde, Roseana Meira, que também mantém ótimas relações com Cássio.
Wilson Santiago:
Torce e “faz figa” para que Cássio e Ricardo rompam em 2014. Dessa forma, Santiago acredita que poderá compor a vaga de Senado na chapa do socialista. Em trincheira oposta ao tucano, enxerga na aliança do PSB com o PSDB um verdadeiro muro para que o PTB se aprochegue ao governador, haja vista não haver mais espaços na chapa majoritária. Mantida a aliança Cássio-Ricardo, Santiago deve aliar-se ao blocão (PT-PP-PSC), mas também não descarta uma composição com Veneziano.
Cícero Lucena:
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